segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A pura caça à multa sem critérios

Num belo dia primaveril de 1989 ia eu no meu então Renault 5C a passar pela povoação de Garvão quando fui abordado por dois GNR’s. Eram daqueles guardas de meia idade em que a maioria tinha apenas a 4ª classe antiga.


Nessa abordagem, o guarda, que me mandou parar, após verificar os documentos, questionou-me sobre o pneu da frente esquerda. O mesmo estava assim como que pneu de fórmula um. O bom homem disse então: - pois a multa é maior que o valor do pneu e você anda a colocar a sua vida em risco assim como a dos outros. Perante tamanha evidência, só lhe disse: - o Sr. Tem toda a razão, mas sabe que o estudante tem pouco dinheiro e descuidou-se. Então o agente, com toda a sua autoridade, mandou mostrar-lhe o pneu suplente e, verificando que estava em melhores condições, disse-me para mudar o pneu antes de seguir viagem. O que fiz imediatamente ali na berma da estrada.

Esta lição foi de tal intensidade que nunca mais me descuidei com desgaste de pneus. Para mim aquele agente que actualmente já deve ser reformado, tomou uma atitude de um grande homem e sempre conto esta história quando se fala no tema caça à multa.

Em sentido oposto, há uns dias atrás, estava a sair de uma clínica dentária em Beja, por um beco sem trânsito e antes de entrar no carro atendi o telemóvel e entrei no a telefonar mas, depois a colocar o mesmo em altavoz, iniciando a marcha de saída do estacionamento, sem qualquer carro por perto. Mal tirei o carro do estacionamento, apareceu um policia de mota junto a mim para o seguir e parar à frente. Disse que me viu a entrar no carro com o telemóvel. Falei a bem com o Sr. para analisar bem a situação pois estava num beco e desliguei logo o telemóvel, mas a postura do mesmo foi claramente de ter que multar e pronto.

Esta multa custou-me 120€ e, como é grave, ainda estou sujeito a ficar um mês sem carta afectando gravemente a minha vida. No meu intimo sinto uma injustiça tremenda pois não fiz nada que merecesse tão grande punição e, ao mesmo tempo, vítima duma pura caça à multa.

No primeiro caso relatado, que realmente estava a meter a mim e outros em risco, um antigo guarda teve o bom senso de me dar uma lição de vida que está gravada para sempre. No segundo caso além de me prejudicar gravemente, fiquei com uma raiva tremenda e revolta pela falta de “bom senso”.

Infelizmente não gravei na memória o nome do agente da GNR de Garvão que considero um exemplo de autoridade e cabia aqui um enorme elogio directo à pessoa. Mas o polícia que me multou pelo telemóvel, cujo carácter não vou aqui qualificar por pudor, dá pelo nome de Paulo Tripa Coelho e estava nesse dia escondido com a mota no beco observando, por entre o espaço dos prédios, uma das passadeiras ao lado do continente de Beja onde deve “caçar” alguns motoristas distraídos com os peões na passadeira, mas afinal apanhou um motorista distraído mesmo ao lado….