quinta-feira, 3 de julho de 2008

Sociedade, desenvolvimento económico, interesses, lobbies, portugal futuro, impostos, desenvolvimento, pensar o país, emprego, alternativas económicas

Viva a verdade…. Estamos num fartar vilanagem. Acreditem…

Os meios produtivos são crescentemente mais eficientes dispensando a actividade humana, decorrente do desenvolvimento tecnológico. Como é possível que haja uma crescente miséria social, dificuldades económicas, aumentos de impostos, aumentos de bens de consumo, diminuição do poder real de compra, maior diferença entre ricos e pobres….?!
Os meios produtivos tornam-se mais eficientes numa escala maior em que aquele que, por via da dimensão, reduz mais os custos unitários é o que vai controlar o mercado. Esta situação faz com que as empresas com grande capacidade produtiva, utilizando menos recursos humanos, ou que os utilizam de uma forma precária vão superar outras.
Começa a haver uma globalização da precariedade. Mas a verdade é que a maioria dos consumidores não se preocupam ( fruto de uma forte insensibilidade e ignorância colectiva) com o facto de comprarem produtos fabricados no estrangeiro, pois cuidam primeiro do seu bolso e, talvez, até a ostentação de utilizar um bem importado, numa clara manifestação de uma afirmação efémera . Não admira pois que já hajam marcas portuguesas com nomes estrangeiros. Uma marca de automóveis que encerra a sua unidade de produção em Portugal merece que os portugueses continuem a comprar carros dessa marca ? Afinal há tantas no mercado. E isso acontece ! PORQUÊ?!
Neste momento há médias e grandes superfícies comerciais ( os famosos supermercados e hipermercados) , em plenas regiões agrárias (do interior) , a vender molhinhos de hortelã importada de Espanha. Fará isto muito sentido?! Por que abandonámos o mundo rural ?!
O facto é que neste mercado global há muitos a querer vender e poucos a poder comprar porque os canais privilegiados de distribuição em escala estão no domínio de monopólios privados e começa a ser ameaçadora a concentração da própria produção, com os inevitáveis prejuízos na escolha e opção de compra dos consumidores. Um destes dias só podemos comprar as marcas brancas com a consequente perda de cadeia de valor!
Todos nós podemos começar a fazer a diferença preferindo o que é nacional e que cria riqueza para o máximo dos nossos concidadãos ainda que tenhamos de comprar umas coisa num local e outras em outro, dadas as nossas limitações monetárias. O pequeno e médio comercio tradicional , as pequenas e medias empresas, foram e serão a base sustentada da nossa frágil e débil economia, como forma de poder e afirmação de toda uma região periférica como é a nossa, em contraponto com a grande imensidão do espaço europeu e mundial .


Estando a aumentar o desemprego, em especial entre os cidadãos mais jovens, como é possível estar a haver políticas de aumento da idade da reforma?!…
O envelhecimento da população e o natural acréscimo da esperança média de vida cria desequilíbrios. Mas quando pensamos no caso do desemprego dos jovens e das pessoas com mais de 45 anos, temos que fazer uma análise mais profunda. Tanto mais que, nas classes dirigentes (politicas e não só), os mais jovens não têm assento e os mais velhos só se pertencerem a determinadas organizações de interesses e corporativos, podem almejar os ditos lugares.
Tomamos como exemplo , o cargo de presidente da republica, os juízes dos supremos etc.. e, percebemos a incoerência desta situação. Quanto mais idade mais regalias. A sociedade deve ser comandada por pessoas com elevado sentido cívico e dotados de uma forte sensibilidade para compreenderem as expectativas e necessidades das populações.
Só se governa e comanda BEM quando as pessoas são o centro e o alvo das atenções, ou seja, As Pessoas no Centro das Decisões !

3- O nosso País recebeu milhões de fundos de coesão para construção de infra-estruturas (estradas, pontes…) e há necessidade de pagar portagens escandalosas concessionadas a privados??
Quanto a este ponto, não vale a pena muita discussão e dissecação do mesmo. Basta pensarmos que há políticos a saírem para estas empresas com concessões super vantajosas a sugar grande parte do nosso orçamento de estado e, portanto, à custa de todos nós, após terem intervido nas negociações das mesmas. Se houver dúvidas quanto a isto, basta olhar para o país vizinho em que se anda milhares de quilómetros de auto-estradas sem portagens ou com portagens insignificantes. Não receberam fundos de coesão na mesma proporção?!

4- O nosso País ter recebido milhões e mais milhões para modernizar sectores da economia (agricultura, industria….). Acabou por servir apenas para aumentar as contas bancárias e bens de luxo de alguns….
É claro e óbvio que num mercado globalizado, só é possível defender a nossa economia criando condições para as empresas nacionais funcionarem e criarem emprego. Para tal, não se deve dar subsídios para não produzir nem tão pouco à própria produção sob pena desta não ser de acordo com as necessidades do mercado mas sim por aquilo que dá mais subsídio. A solução é simples: subsidiar os factores de produção, por exemplo o adubo ter um preço subsidiado, só tira partido desse esforço financeiro quem o utiliza e, portanto, produz. Por que não se faz este tipo de política? É Simples: haveria grupos de actuais beneficiários que passavam a ter chatices com funcionamento de empresas agrícolas e, assim, é muito mais fácil receber os subsídios sem chatices ou preocupações.

5- Continua a haver um sistema de justiça de acção paulatina extrema, sem que ninguém altere a situação!
Esta é clara. Se a justiça fosse célere e eficaz muitos dos que “sugam” a sociedade actual deixavam de ter cobertura e a vilanagem ficava complicada. Assim está bom para os prevaricadores e para muitos que vivem da justiça, ou melhor, da aparente justiça.
A justiça tornou-se assim num privilegio dos endinheirados , impossibilitando uma igualdade factual entre os cidadãos. Sem justiça não há sociedade que aguente!

6- Continua a haver um sistema de ensino que não responde aos interesses da sociedade sem que os responsáveis tenham a lucidez de encontrar o caminho certo, limitando-se a criar tensões entre os intervenientes sem os ouvir!
Será que ainda ninguém percebeu que a escola tem que preparar as pessoas para a vida? A ser assim, na sociedade, os que mais trabalham mais premiados são e na escola facilita-se toda a gente. Será possível trabalhar com um grupo de alunos, numa perspectiva de escola de massas em que temos de meter tudo igual? Como ensinar numa turma de 28 alunos em que 3 estão contra a sua vontade, 4 não têm capacidade para aquele ritmo de trabalho, 5 estão capazes para um ritmo muito maior e até se desmotivam pela lentidão do processo dadas as suas capacidades e os outras 16 até vão aprendendo umas coisitas mas muitas das vezes menos que o normal porque há três a fazer “macacadas” e a complicar o processo. Mas o professor tem de dar resposta a todos e ao mesmo tempo! Será possível? Se os alunos fossem segregados por competências e interesses não seria muito mas mesmo muito mais eficaz? Parece que há o medo da segregação pelo poder económico, mas isso é o que está a acontecer na prática já que os alunos de famílias mais endinheiradas vão para os colégios particulares onde essas segregação é feita ou então vão para explicadores para terem um espaço de aprendizagem e a escola passa a ser um mero espaço lúdico e de passatempo para muitos.
E os pais e encarregados de educação ? Onde estão ? Que têm feito para alterar este paradigma?
É que a dita sociedade moderna , destruí os pilares da família, vendeu ilusões e agora colhemos as frustrações.


7- Não se consegue comprar um antibiótico sem receita médica e a compra de uma dose de droga até é possível comprar sem sair do carro!
A droga, que é causa de muitos crimes na nossa sociedade, só existe porque interessa promovê-la dada a sua elevada rendibilidade. Seria fácil resolver o problema: encarar o consumo de droga como uma doença e ser o estado a fornecê-la a quem não queira passar sem ela, como qualquer banal medicamento sujeito a receita médica, mas com taxas de impostos elevadíssimas e sem comparticipações. Assim já não haviam pessoas a promover o seu consumo e o mesmo, a existir, trazia riqueza para a sociedade via impostos em vez da criminalidade.

8- Há uma elevada despesa pública e a consequente necessidade de a reduzir. Será reduzindo o ordenado e outras benesses dos funcionários públicos que leva à resolução do problema?
Vejamos: se os funcionários públicos ganharem mais, injectam mais dinheiro no mercado e melhora a economia. Então onde podemos fazer os cortes? Deixemos à livre imaginação algumas destas simples ideias:
- Na administração do território há uma divisão de autarquias que não lembra a um simples mortal honesto – concelhos com menos de 5000 habitantes, alguns a distarem 7 ou 8 quilómetros entre si; enclaves de um concelho dentro de outro. Por exemplo, há dois concelhos no Algarve a distarem 3 km entre as suas sedes em que um tem um enorme enclave dentro do outro!!! Isto é muito repetido neste rectângulo. As estruturas são todas em duplicado!!! Custos!!!!! Justifica-se?!!!! Pior… muitas freguesias ainda no meio disto tudo com competências ambíguas e mais estruturas paralelas sem beneficiarem de uma economia de escala!!!! Falamos na possibilidade de poupar milhares de milhões de euros para prestar os mesmos serviços ou até melhor…. Cuidado!!!! E as clientelas políticas?!!!!... Basta pensarmos em Espanha que só tem um nível autárquico.
- Encerraram-se escolas no interior que tinham lá o professor primário que em muitos casos eram um apoio da comunidade local. Argumenta-se que é melhor para os alunos por estarem em escolas maiores e com mais condições ainda que percorram muitos quilómetros diários. É possível que se poupe algum dinheiro com esta economia de escala, mas continuar a haver cidades e vilas com várias escolas na sua zona urbana em que cada uma tem as suas estruturas (cantinas, serviços administrativos, bibliotecas, docentes de várias áreas, corpo não docente…), não se ganhariam milhões com a junção destas escolas numa única com todas as condições e maior capacidade de resposta, servida por uma boa rede de transportes nesse perímetro urbano, ainda que a mesma fosse construída na periferia do centro urbano?!!!!
- Vamos ao médico e receitam-nos uma caixa de medicamentos com tantos comprimidos que dá para duas pessoas. Por vezes, mesmo com a comparticipação do estado, pagamos várias dezenas de euros por umas simples gramas de um medicamento. Pagamos e o estado paga o dinheiro que bem entendem levar por cada grama de medicamento, por vezes a valores muito superiores ao ouro!? São milhares de milhão por ano!! Não seria possível poupar bastante?! E os interesses de tanta gente?!!!!!.....
- Diariamente deslocam-se vários milhares de camiões por essas estradas de Portugal transportando mercadorias a deteriorar as estradas, a complicar o trânsito, a consumir pneus, a consumir gasóleo (quase tudo importado com a consequente saída de divisas), a encarecer os produtos e, entretanto, temos uma linha de comboio electrificada de norte a sul do país em que uma única locomotiva conseguia fazer o trabalho de 20 ou 30 camiões cada vez!! Antigamente até os adubos e cereais tinham linhas férreas até à porta dos armazéns. Sabe-se que o transporte ferroviário é 90% mais barato que o rodoviário. Por que não se investe mais no transporte ferroviário?!!!!! Ainda dizem que não há grupos de interesses no negócio do petróleo a controlar a nosso economia, ou melhor, os nossos governantes?!!!!


Por último, não vale a pena acreditar em ideologias. A direita mais produtiva, é verdade, não olha a meios para atingir os seus fins com a consequente iniquidade social. A esquerda mais virada para os interesses da sociedade acaba por distribuir igualdade, é verdade, mas de miséria porque não consegue criar uma sociedade produtora de riqueza. Há ainda o suposto centro que acaba por ser uma mistura de tudo e criar o meio adequado à burocracia, jogos de interesses e é aquilo que temos vivido há muitos anos..
Haverá soluções?! É difícil.. uma coisa é certa, a democracia é o menos mau dos sistemas políticos e só será possível dar nova vida a esta democracia se for remodelado todo o sistema com a consequente chegada de “sangue novo” ao poder na disposição de fazer roturas com os interesses parasitas que estão instalados….

VAMOS ABRIR O OLHO! TEMOS QUE DENUNCIAR….

de um canto do Alentejo
Victor Silva
com a grande colaboração do amigo Leonídio Ferreira, das Beiras